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Ahi surgiu o inimigo atirando fortemente contra os nossos, que lhe responderam egualmente, durando o combate uma hora, mantendo-se o inimigo do outro lado do rio; tiveram, entretanto, os portuguezes, alguns mortos e feridos, e os nossos tambem dous feridos, um dos quaes morreu depois.

No dia 1 de Setembro, chegou o Pegasus, da Camara de Groeninga; e, no dia seguinte, o Eendracht, de Dordrecht, e o yacht l'leermuys.

No dia 4, partiu o sr. Gijsselingh, no Phenix, para Itamaracá.

No dia 7, á tarde, partiu o tenente-coronel Bijma, com a sua companhia e as de Cloppenburgh, Gartsman e Picard, do Recife para a cidade, onde, devido á grande escuridão da noite, tiveram de acampar; no dia seguinte, pela manhã, dirigiram-se para o interior, obra de hora e meia de marcha, a um pequeno povoado chamado Moriwere.

Cahiram sobre elle de improviso, pois era dia santo e a maior parte da gente estava na missa; de sorte que os soldados tiraram dahi um bom espolio. Havendo sido dado alarma na circumvizinhança, Albuquerque mandou immediatamente do Arraial 200 homens, para atacarem os nossos na retirada. Mas, sendo avisado por um soldado, que desertou dos nossos, que não podiam voltar pelo mesmo caminho, mas fariam a retirada para Itamaracá, ordenou que a força seguisse immediatamente os nossos e os batesse, reunindo ainda em caminho a gente que pudesse, e deu o commando das tropas a Francisco de Almeida.

Este perseguiu os nossos até cerca de meia hora acima de Iguarassú, junto ao Engenho de Pedro da Rocha, onde o caminho era muito estreito e estava obstruido por todos os lados com arvores derrubadas, de maneira que o inimigo tinha grande vantagem.

Encontraram-se ahi por perto das 11 horas da manhã. Os portuguezes atacaram furiosamente, por detrás e pelos lados; mas foram recebidos de tal fórma pelos nossos, que depois nada mais fizeram sinão atacar, atirando por detrás. Os nossos fizeram-lhes varias emboscadas e collocaram o inimigo entre duas forças, abatendo-lhe um grande numero, e apanharam muitos mosquetes abandonados, que fizeram em pedaços. O inimigo, havendo perseguido os nossos até ás 4 horas da tarde, e achando-se bem fatigado, teve de retirar-se dalli, depois de lhe haver morrido alguma gente, entre outros o commandeur, e perderem alguns aprisionados pelos nossos.

Este Francisco de Almeida servira ao rei nos Paizes-Baixos e era uni valente e habil cabo de guerra, e os portuguezes davam-lhe grande importancia, sendo a sua perda muito sentida por elles.

A nossa tropa marchou depois na planicie para Iguarassú, afim de experimentar o estado de animo do inimigo, mas, não encontrando ninguem, cahiu sobre a cidadesinha e incendiou-a; e, havendo acampado alli á noite, chegou no dia 10, pelo meio-dia, á ilha de Itamaracá, tendo cerca de 30 feridos, os quaes carregou e ficou por isso impedida de emprehender qualquer cousa.

O coronel partiu de Afogados no dia 8 deste, para pôr o inimigo em alarma e explorar o terreno por todos os lados, com as companhias do capitão Everwijn e a de Bongarson, a qual, devido ao ferimento do seu capitão, foi commandada

pelo capitão Frederick Malepas, e, juntamente, 100 mosqueteiros, dirigidos pelo capitão Hendrick Smit, e a companhia do capitão Hendrick Frederick, e marchou pelo banco de areia para o forte Emilia, atravessando o rio e dirigindo-se para o interior do rio Jangada.

O director da equipagem foi mandado, com dous botes á vela e outros tantos a remo, para transportar os soldados de um lado do rio para o outro. Mas esses transportes não puderam, devido á pouca profundidade (causada por grande quantidade de areia accumulada alli) entrar no recife, de sorte que os mesmos, estando o tempo bem moderado, e como que os convidando, foram mandados, por fóra do recife, pelo mar, para a barra do mesmo rio, na qual, por ser muito raza e ter forte arrebentação, foi impossivel entrar. Além disso, o inimigo collocara na entrada do mesmo uma trincheira, que poderia facilmente prohibir aos nossos a entrada do porto, e a largura e a sinuosidade do rio não eram favoraveis aos nossos, de sorte que voltaram no dia seguinte. O sr. coronel, tendo marchado até o dito rio, encontrou lá um armazeın com 32 caixas de assucar, e, deixando-o occupado com uma guarda, sondou o rio, para passar para outro logar, o que não poude fazer, pela grande profundidade do mesmo.

Considerando, portanto, que, pela pouca agua que havia no porto, os botes não podiam vir até onde se achava, e que nada havia mais que fazer nesse lado do rio, depois que o armazem foi saqueado e reduzido a cinzas, retirou-se.

O inimigo, posto em alarma pela fumaça, perseguiu os nossos pelo caminho novo, e os nossos fizeram-lhe algumas emboscadas e escaramuçaram com elle. Voltaram no dia seguinte à tarde, tendo perdido dous homens mortos em combate e dous afogados ao passar o rio. O inimigo tambem soffreu damno.

No dia 12, chegou ao Recife o yacht Phenix, da Parahyba, aonde fora mandado buscar viveres para a esquadra, pelo qual souberam que os navios deram caça algumas vezes e tinham feito dous navios do inimigo dar á costa e capturaram um navio carregado com pannos em fardos, o qual foi mandado para o Recife. O Overijssel dera combate a dous navios, cada um com 22 canhões; mas, como os outros navios houvessem descahido muito, devido a ter contra si vento e correnteza, e não pudessem vir para o seu lado, teve de abandonal-os, depois de haverem de ambos os lados perdido alguns mortos e feridos.

Aquelle yacht foi, no dia 14, despachado para a Parahyba, e o sr. Gijsselingh voltou de Itamaracá.

Nos dias seguintes, chegaram alguns navios da Republica, com viveres e algúns soldados de reforço, a saber: no dia 17, o Goudt-l'inck, de Amsterdamı ; e no dia 18, o Ouwer-Kerck, e juntamente o Windt-hondt e Pernambuco; e no dia 21, o Weseltjen.

E, neste dia, mandaram o Gondt-Vinck buscar o commandeur Licht-hart, para realisar certo projecto, que tinham em mãos.

No dia seguinte, foi mandado o Windt-hondt para reforçar a esquadrilha em frente á Parahyba; e, no outro dia, o Pegasus e o Leeuw, da Zelandia,

para estacionarem em frente ao cabo. O commandeur Licht-hart chegou no dia 25, no yacht Nacrden, mas não pudera fazer nada de especial, devido ao vento tempestuoso, e deixara atrás outro barco, para procurar fazer alguma

cousa.

No dia 27, foram mandados chamar os navios que cruzaram no sul, e despacharam para Itamaracá quatro barcas tomadas aos portuguezes e reparadas, para irem guardar as passagens para a mesma ilha e render os yachts e chalupas que estavam lá; essas barcas foram chamadas, pelos nossos, Oester, Papegaye, Granact e Arara. Mas, vendo que a Arara era veleira, ordenaram que se mantivesse na costa exterior da ilha, e nomearam para seu capitão a Abel Pietersz., assistente do director da equipagem. Emprehenderam agora, mais sériamente, a lavoura daquella ilha, e, além do que haviam plantado antes com alguns, negros, mandaram para lá mais dous francezes, com cerca de 30 negros e negras, de sorte que começou a desenvolver-se alli a cultura de todas as especies de fructos.

O tenente-coronel Bijma, que estivera em Itamaracá, para fazer accordos com alguns senhores de engenho, voltou ao Recife.

No dia 1o de Outubro, pela manhã, ao raiar do dia, foi avistada uma caravella cerca da latitude da cidade, para a qual se dirigiram immediatamente o director da equipagem, com quatro botes e a chalupa Duysent-been, mas aquella conseguiu chegar acima da ponta da cidade.

Os nossos, entretanto, não deixaram de perseguil-a, e, como notassem que navegava perto da costa, acreditassem que o inimigo, vendo que não podia escapar, tratasse de encalhar, o coronel marchou ás pressas para a cidade, com as companhias do tenente - coronel, de Cloppenburgh, Picard e do major de Vries, juntamente com sr. Gijsselinghs, para procurar prestar algum serviço; mas voltaram, depois de haver visitado a cidade, julgando que a caravella se houvesse escapado. Entretanto, os botes fizeram-na ir dar á praia em um riacho junto ao Pau Amarelo, na vasante. O director da equipagem retirou-a de lá na enchente e trouxe-a ao Recife; chamava-se O Santissimo Sacramento e vinha de Viana, carregada com fazendas em fardos.

No dia 3, chegou ao Recife o yacht l'os, o qual, na latitude de cerca de 10°, capturara uma caravella, chamada Nossa Senhora do Rosario, carregada com mercadorias em fardos, vinda da Terceira e com destino a Sergipe; depois de guarnecel-a com a sua gente, ainda deu caça a outra.

No dia 4, foi mandada uma força de cerca de 60 homens, sob o commando de Hans Melchior, sargento do capitão Cloppenburhg, a qual tomou o caminho que vai do Arraial ao Cabo, onde encontrou uma casa, que os soldados saquearam e depois incendiaram, sem encontrar inimigo algum; no dia seguinte, foi novamente para lá uma força, mas essa foi descoberta pelo inimigo, de sorte que voltou sem fazer cousa alguma.

Demos agora um pouco de repouso á nossa gente no Brasil, e passemos da

terra ao mar.

No principio deste livro, referimos que o navio Fama e alguns outros vasos, sob o commando do commandeur Jan Jansz. van Hoorn, tinham sido mandados pelo sr. Mathias van Cculen, director-delegado, no dia 28 de Dezembro do anno findo, para cruzar em frente à Bahia.

O commandeur chegou com o seu navio em frente à Bahia no dia 2 de Janeiro deste anno, cruzou por alli, e pelo Morro de S. Paulo, até ao dia 17, e mandou um dos navios espiar quantos barcos estavam dentro da Bahia; esse, voltando no dia 20, referiu-lhe que havia 14 navios, entre grandes e pequenos. No dia 23, tinham o Morro de S. Paulo a tres leguas a noroeste, e, como reinasse completa calmaria, ancoraram a 27 braças, em bom fundɔ de areia; a terra mais proxima estava cerca de meia legua a oeste. Limparam os navios, fizeram-se novamente á vela á tarde, e ficaram cruzando ahi, sem saber cousa alguma do inimigo; apenas deram caça e fizeram dar á costa uma barca hespanhola, e visitaram a ilhota chamada pelos nossos Paesch-avondt (Vespera de Paschoa), a qual está situada duas leguas ao sul do Morro de S. Paulo, a 14° de latitude sul. E' uma ilhota baixa, com meia legua de circumferencia, cercada por um recife de rochedos, apresentando na base o branco da areia e além o verde dos arvoredos. Encontraram lá alguns ananazes silvestres e uns fructos que pareciam coloquintidas, mas não tão grandes, sendo dentro como os mamões, e de sabor agradavel; os portuguezes chamam essa planta maryconssia (maracujá). Não possue agua doce; mas, em compensação, tem bastante lenha.

Voltaram a Pernambuco, aonde chegaram no ultimo de Fevereiro.

O capitão Jol, que se lhe reunira perto da Bahia, foi mais ao sul, para cruzar em frente a Cabo-Frio.

No dia 22, esteve junto ao Rio de Contas, onde ha uma enseada e, dentro, costa alta; e, quando se tem o rio a oeste, a costa alta tambem está a oeste.

Navegou dahi em deante ao longo da costa, e no dia 27 estava a 22°, 20′ de latitude; alli a costa é alta e perigosa. Acharam-se na sondagem, a pouco mais ou menos tres leguas da costa, 28 braças de agua e bom fundo de areia. No dia 28, estava a 22°,44′ de latitude, e S. Thomé se achava a oeste quarta de noroeste.

Este se lhe apresentou com tres monticulos, um dos quaes se assemelha a um pão de assucar; não são altos, mas a costa e o cabo o são.

Teve elle as ilhas de Santa Anna obra de cinco leguas a oeste quarta de sudoeste, parecendo-lhe a primeira como um pão de assucar, e, depois, viu tres ou quatro enseadas, achando maior a que ficava mais a oeste; á tarde, estava cerca de legua e meia da ilhota de Santa Anna (ha alli cino ou seis ilhas), e poude avistar Cabo Frio, parecendo-lhe dous. A costa é alta, e encontraram sempre fundo sob 34 a 40 braças de agua, e era de lama.

No dia 29, ás 12 horas, teve elle a latitude de 23°, 6', e Cabo Frio estava cousa de cinco leguas a oés-sudoeste. No dia 30, tinha o Cabo ao norte; e, no dia seguinte, a noroeste, cerca de quatro leguas, indo a corrente para leste; achou ao meio dia a latitude de 23°, 25', e navegou para oeste ao longo da costa.

A oeste do Cabo a costa é baixa, e, cinco leguas mais a oeste, torna-se outra vez alta e montanhosa. No dia 1o de Fevereiro encontrou a latitude de 23°, 20' e o Rio de Janeiro estava perto de quatro leguas a oes-noroeste; manteve-se ahi de cá para lá. No dia 10, ás 12 horas, deparando-se-lhe a latitude de 24°, virou para a costa. No dia 11, estava em frente ao Rio de Janeiro, e teve, ao meio-dia, a latitude de 23°, 40′; navegou ahi de um lado para outro. No dia 20, avistou uma véla e capturou-a; mas, vendo que era um navio vindo de Angola com 300 negros, deixou-o seguir, pois não viu meios de leval-o comsigo. Ficou cruzando alli até ao dia 19 de Março, e voltou então para Pernambuco, aonde chegou bem no dia 29.

No mez de Abril, o commandeur Jan Jansz van Hoorn foi mandado para as Indias Occidentaes com os navios Fama, Middelburgh, Gonde-Leeuw, Zutphen, os yachts Otter, Brack, Nachtegael e a chalupa Gijsselingh; nesses navios, além das tripulações, iam 250 soldados.

Partiram de Pernambuco no dia 26, duas horas depois do sol. No dia 2 de Maio, a 4°, 40' de latitude sul, foram despachados os yachts Otter e Brack e a chalupa Gijsselingh para o Maranhão, segundo a ordem dada ao commandeur pelos snrs. delegados, para ver se estavam alli surtos alguns navios hespanhoes, e tiral-os do porto, se fosse possivel. Os outros navios proseguiram na sua viagem, e chegaram, no dia 20, á ilha de Barbados, fundeando ao lado de sudoeste, entre duas pontas de terra, que estão uma da outra á distancia de um grande tiro de colubrina; ficaram alli até ao dia 27, e compraram dos inglezes varios refrescos. No dia seguinte pela manhã, avistaram a ilha de S. Vicente, e fundearam, depois de meio-dia, na bahia de Santo Antonio.

No ultimo de Maio, chegaram alli o yacht Brack e a chalupa Gijsselingh, e no dia seguinte o yacht Otter, os quaes navegaram ao longo de toda a costa norte do Brasil, até ao Maranhão, onde tambem estiveram, mas nada haviam conseguido bem naquella costa e não viram nem falaram com pessoa alguma.

No dia 3 de Junho, dirigiram-se á ilha Bekia, com o bote, para buscar tartarugas; encontraram alli uma boa bahia, na qual se póde entrar pelo lado de oeste, e no lado de leste ha um recife rochoso, a tres, quatro, cinco, seis e sete braças; essa ilha é deshabitada, mas os selvagens de S. Vicente vão lá plantar batatas, crescendo tambem muito algodão no matto. Está situada cerca de cinco leguas a sueste de S. Vicente. Avistaram, no dia 15. a ponta leste de Porto-Rico, com duas pequenas ilhotas, que se assemelhavam um tanto a Mona e Monica. mas não eram tão baixas; tambem a menor estava ao lado do sul, emquanto Monica está ao lado norte de Mona. No dia 18, avistaram a extremidade oeste de Porto-Rico, e pouco depois Mona, e, dous dias depois, Savona, e ficaram cruzando alli até ao dia 25. Navegaram depois para a ilha de Vacca, a qual avistaram no dia 28 pela manhã, e chegaram, depois de meio-dia, ao cabo Tiburon; partiram dalli no dia seguinte, e avistaram no ultimo de Junho a ilha de Navaza.

No dia 5 de Julho, ancoraram junta á pequena Caymão.

No dia 7, chegaram o yacht Nachtegael e a chalupa Gijsselingh, que estiveram

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