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Francisco Soares Toscano, na noticia que precede este poema heroicomico, nos dá a seguinte informação do auctor: «O quarto e principal auctor foi o Licenceado Manuel Luiz Bacharel; e este anno de 1619 vive com o Priorado de Terena.» Este foi o promovedor d'esta obra, e fez quasi toda a melhor parte d'ella. É citado tambem por João Baptista de Castro no seu Mappa de Portugal, referindo-se ao padre Fr. Francisco da Cruz.

MANUEL DO VALLE DE MOURA

(1587)

ILLUSTRAÇÃO Á PRIMEIRA ODE DE LUIZ DE CAMÕES, COM UM DISCURSO SOBRE O POEMA HEROICO POR MANUEL DO VALLE DE MOURA. MS.

Conservava-se na livraria do Conde de Vimieiro.

Parodia do primeiro Canto dos Lusiadas. Foi um dos quatro estudantes da Universidade de Evora que fizeram esta parodia com o titulo de Festas Bachanaes, etc.

Manuel do Valle de Moura nasceu em Arrayolos em 1564, e foi filho de Francisco do Valle, Escrivão da Camara da mesma villa, e de Victoria Caldeira, senhora mui versada nas letras, de que faz menção Fr. Luiz dos Anjos no Jardim de Portugal, pag. 607. Foi Doutor em Theologia, Prior da igreja de Santa Christina de Barroso, e Mestre de D. Alexandre, filho dos Duques de Bragança D. João e D. Catharina; deputado da Inquisição de Evora em 1603. O Editor da Parodia que se publicou no Porto, diz no prefacio que a precede que fôra Arcebispo de Evora e Inquisidor geral. No fim da vida cegou, e morreu de oitenta e seis annos de idade em Evora a 18 de Maio de 1650. Fazem menção do auctor Nicolau Antonio, Bib. Hisp., Tom. 1, pag. 274; Francisco da Fonseca, Evora Gloriosa, pag. 305; João Soares de Brito, Theat. Lus. Litt., Letra E n.o 84.

BARTHOLOMEU VARELLA

(1587)

PRIMEIRO CANTO DOS LUSIADAS DE LUIZ DE CAMÕES, CONTRAFEITO Á BEBEDICE, POR BARTHOLOMEU VARELLA

É a mesma parodia que se imprimiu no Porto com o titulo de Festas Bachanaes. No fim de um manuscripto d'este poema vem uma nota

com esta noticia do auctor: «Ao auctor d'esta tão bem cantada bebedice chamaram Bartholomeu Varella, homem em Evora em trage de estudante, que fôra já juiz, por vezes, na confraria de Bacho, do qual licenceado se conta que estando em um cadafalso em Evora, e molestandolhe a calma grandemente os bofes cosidos em vinho, o soccorreram com um pucaro de agua, e bebendo o dito licenceado, accudiu uma voz de fóra: «Ah! senhor Varella isso é penitencia!» Na mesma nota se diz que o auctor era Prior de Oriola.

LUIZ MENDES DE VASCONCELLOS

(1587)

PARODIA DO PRIMEIRO CANTO DOS LUSIADAS

Foi um dos quatro que parodiaram este canto dos Lusiadas, concorrendo com um unico verso para esta parodia. Era estudante na Universidade de Evora, e foi creado do Arcebispo D. Theotonio. É citado por Francisco Soares Toscano na noticia que precede este poema heroi-comico, e por João Baptista de Castro no seu Mappa de Portugal.

Esta parodia foi continuada até o segundo canto, como deixamos dito, por Antonio de Magalhães e Menezes; vimos mais outra parte do poema parodiada por um dos poetas da Arcadia, porém não me recordo qual d'elles.

FR. AYRES CORREA

(45...)

COMMENTARIO A CAMÕES. MS.

D. Francisco Manuel, no Hospital das Letras, menciona este escriptor como tendo commentado Camões; porém não declara se os Lusiadas, se as Rimas.

Foi filho de Balthazar Correia e Izabel de Siqueira; professou na ordem dos Prégadores, foi Qualificador do Santo Officio e Prior do Convento de Aveiro no anno de 1581, e depois do de Lisboa.

É para sentir a perda d'este Commentario, não só por ter sido o auctor contemporaneo do Poeta, mas por pertencer à ordem de S. Domingos, e por isso ter provavelmente concorrido com elle.

VERSOS DE VARIOS POETAS PORTUGUEZES

(15...)

VERSOS DE VARIOS POETAS PORTUGUESES EM QUE ENTRAM 268 SONETOS, DE QUE A MAIOR PARTE SÃO DE CAMOENS; ALGUNS NÃO ANDÃO IMPRESSOS, E TEM DIVERSAS LIÇOENS E DECLARÃO O ASSUMPTO. MS.

Pertencia ao Conde de Vimieiro. Veja-se a conta do exame dos seus manuscriptos dada á Academia de Historia no anno de 1724, pelo Conde da Ericeira, n.o 100.

OBRAS VARIAS E CARTAS DE LUIZ DE CAMOENS

(15...)

OBRAS VARIAS QUE NÃO SÓ CONTEM MUITOS VERSOS, DISCURSOS E CARTAS EM QUE ENTRÃO MUITAS DE LUIS DE CAMOENS, E TODAS

AS DO CELEBRADO FERNÃO CARDOSO. MS.

Existiam na livraria do Conde de Vimieiro.

Veja-se a conta dada á Academia de Historia pelo Conde da Ericeira no anno de 1724, n.o 172. Julgo que Manuel Severim de Faria teve conhecimento d'este manuscripto.

FRANCISCO RODRIGUES LOBO

(1601)

-O PASTOR PEREGRINO,

A PRIMAVERA. LISBOA, POR JORGE RODRIGUES, 1604.
SEGUNDA PARTE DA PRIMAVERA. LISBOA, POR ANTONIO ALVARES, 1608

Parece alludir a Camões na Jornada Iv do Pastor Peregrino. Tem havido quem pretenda que a Primavera e o Pastor Peregrino fosse o perdido Parnazo de Camões; porém comparando as poucas amostras que nos ficaram da prosa do nosso Epico com a das obras de Francisco Rodrigues Lobo, se conhece a pouca consistencia que deve ter esta opinião, e ainda mais sendo os assumptos differentes. Mas se dizemos isto emquanto á prosa, que é mui distincta uma da outra, não o

diremos emquanto às suas poesias, chegando algumas a deixar duvida da sua procedencia, sendo uma grande parte cheia de locuções de Camões, e tomando por typo as suas poesias. Apontaremos algumas de passagem que muito se assimilham, e em que se dá o caso que apontamos. Seja a primeira a metamorphose de Sileno que começa:

.

Sileno sou que em fonte convertido, etc.

Indubitavelmente n'esta composição teve em vista a ecloga dos Faunos, e é provavel que a visse no manuscripto, porque n'ella pretendeu deixar-nos as oitavas que depois se cortaram n'aquella ecloga, podendo aproveitar-se da sua descripção, por a ter visto, que apropriou ao seu assumpto. Na Floresta XI

Reliquias saudosas que em memoria,

o estylo e assumpto é de Camões. O mesmo diremos de outra poesia na mesma Primavera a um desterro comprido, a qual começa:

Ó tarde saudosa

a qual sem duvida foi feita tambem com o pensamento na primeira ode do mesmo Camões. Alem d'isto glosou o soneto

e o terceto

Horas breves do meu contentamento,

Amor com falsas mostras aparece,
Tudo possivel faz, tudo assegura
Mas logo no melhor desaparece!

José Maria da Costa e Silva, no seu Ensaio Biographico dos Poetas Portuguezes, defende Francisco Rodrigues Lobo do plagiato de Camões de que é accusado por Manuel de Faria e Sousa; nós tambem não nos atrevemos a accusa-lo, e apenas nos limitâmos a asseverar que em algumas das suas poesias achamos muita analogia com outras do nosso Epico.

Francisco Rodrigues foi natural de Leiria e filho de André Lazaro Lobo e de Joanna de Brito Gavião, pessoas nobres. Não se sabe o anno do seu nascimento, que devia ser pelo meado do seculo xvi, porque no

anno de 1596 publicava os seus Romances. Não se sabe particularidades da sua vida, sómente que residia em Leiria, e que em uma digressão a Lisboa, ao descer o Tejo vindo de Santarem, por effeito de uma tempestade, morreu afogado; e sendo arrojado á praia o seu cadaver, foi enterrado na antiga igreja de S. Francisco, na capella denominada das Queimadas. Ignorava-se o anno da sua desastrada morte; o sr. Innocencio mui judiciosamente a colloca posteriormente ao de 1623, em que publicou a Jornada de Filippe III a Portugal.

BALTHASAR ESTAÇO

(1604)

SONETOS, CANÇOENS, EGLOGAS E OUTRAS RIMAS COMPOSTAS POR BALTHASAR ESTAÇO CONEGO DA SÉ DE VISEU, NATURAL DE EVORA. DIRIGIDAS

MO

AO ILL. E R.MO D. JOÃO DE BRAGANÇA BISPO DE VISEO. EM COIMBRA ANNO 1604

Na canção i se refere ao pouco premio que teve Camões pelos seus

versos.

Como queres que cante

A gente que não ouve?

Como queres que faça a Musa humana

Que minha voz levante

E que com ella louve

A quem com esperanças vans me engana?

Se a Musa profana

Melhor se premeara

Não era o erro tanto

Abaixar pelo premio d'alto canto,

Mas se eu assim cantara

Tivera o premio humano

Que teve o grão cantor do Oceano.

Se a mente ás Musas dada

O premio lhe tirou

Do esforçado braço ás armas feito,

Como será estimada

A Musa que cantou

Fundada só no verso mal aceito?

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