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nhor D. Afonso Henriques por sua grande Litteratura, tanto sagrada, como profana, e tambem por ser mui versado nas linguas Franceza, Latina, Hebraica e Arabiga, na ultima das quaes deixou Escriptos de grande erudição, dirigidos á conversão dos Mahometanos (28.2). Um D. Pedro Alfurde, natural da illustre cidade de Coimbra, que na Universidade de Paris estudou, e tomou a borla doutoral na Faculdade de Theologia, em a qual sahio eminente, e bem assim na lingua Latina voltando depois a Portugal, abraçou

:

Instituto dos Conegos Regulares de Santo Agostinho no Mosteiro de Santa Cruz da sua patria, do qual, passados alguns annos, foi nomeado Prior da Claustra incumbio-lhe o Senhor D. Afonso Henriques escrever as façanhas de seus vassallos, que o acompanháram na expulsão dos Mouros, nomeando-o seu Chronista (provavelmente por morte de João Camello) em 13 de Junho de 1175, da Era de Cesar 1213, por Carta passada em Leiria, cujo teor é o seguinte: E para continuar o dito Livro, nomeio o Mestre D.' Pedro Alfarde, Prior Crasteiro da dita minha Igreja e Mosteiro de Santa Cruz, e por sua morte aos que lhe succederem no officio de Prior da Crasta, e haverão cada um a seu tempo as seis mil libras acima ditas cada anno (29.2). D. João de Froes, tambem natural de Coimbra, e Cónego Regular do dito Mosteiro de Santa Cruz, o qual no reinado de Filippe II. de França, que foi desde o an

mó 1180, até 1223, espaço de tempo que al cança desde o quadragesimo primeiro do governo do Senhor D. Afonso Henriques, até o duodecimo do Senhor D. Afonso II, ensinou Escriptura na Universidade de Paris : pela facilidade e eloquencia, com que prégava na lingua Franceza, adquirio toda a estimação de Filippe II., chegando-o a fazer seu prégador, e a eleval-o ao Arcebispado de Besançon, dignidade que aceitou, precedendo a faculdade do seu Prior de Santa Cruz, D. João Cesar o Papa Gregorio IX, movido da gloriosa fama do novo Arcebispo, o chamou a Roma, onde o fêz Cardeal Bispo Subiense e seu Legado nos reinos de Hespanha e de Portugal deste sabio Principe da Igreja, ornamento da Patria e da sua Ordem Canoniça, se conservava illustre memoria em vários documentos do extincto Mosteiro de Santa Cruz (a). Santo Antonio Lisbonense, ou vulgarmente de Padua (30.a). O Papa João XXI., que, depois de haver exercido a profissão de medico em Lisboa, foi elevado á dignidade de Primeiro Pastor da Igreja (31.2). Finalmente o Mestre Menegaldo (32.a): nomes unicos, que aqui pômos em lembrança, entre muitos outros de louvavel litteratura, que o mittimos, por não ser do nosso plano tecer um

Breves,

(a) Liv. dos Obit. a 9 de Agosto de 1236. que elle passou da Sagração, que fez da Igreja de Santa Cruz, e da Igreja, que mandou edificar no Tojal junto a Lisboa.

Catalogo miudo e completo de todos os sabios Portuguezes, que existiram em cada um dos Periodos da Historia Litteraria', que resumidamente vamos tecendo.

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PERIODO V.

Desde o anno 1290 até o de 1495,

ou

Desde a fundação da Universidade Portugue za até o começo do Reinado do Senhor D. Manoel.

Somos chegados à uma epocha memora→ vel, a qual, propriamente falando, foi para o nosso Portugal o luminoso oriente das Letras, e em que ellas começaram a diffundir com maior largueza os seus raios por toda a vastidão de nossos horizontes : falamos do Reinado do Senhor D. Diniz, do qual tem origem o primeiro estabelecimento LitterarioScientifico, que debaixo do nome de Universidade, á similhança das outras nações da Europa, foi organizado em Portugal.

Foi na cidade de Lisboa, e no anno de 1290 que aquelle illustrado Monarcha levantou o primeiro templo regular ás deosas das Artes e das Sciencias, para o qual mandou vir doutos Mestres de outros Reinos, com pro

messa de grandes mercês e de avantajados salarios; afim de que com melhor vontade ensinassem seus subditos, a quem procurou sempre todos os bens e proveitos.

Nesta nova Universidade, que elRei D. Diniz instituíra por evitar os grandes descommodos, que seus vassallos padeciam em ir mendigar dos extranhos muitas Sciencias, que na Patria podiam aprender, ensinavam-se Leis, Canones, Logica, Grammatica e Medicina; e não havia nella Lentes de Theologia; porque esta se aprendía nos Conventos dos Religiosos de S. Francisco e de S. Domingos (33.); nem tão pouco havia Lentes de Mathematica, nem das linguas Hebraica e Grega, como erradamente escreveo o Padre Fr. Antonio da Purificação na Chronica dos Eremitas Calçados de Santo Agostinho da Provincia de Portugal (a). Todavia naquelle Athenêo Lusitano começaram desde logo a criar-se, e continuadamente se foram doutrinando Mestres eruditos, e se formaram muitos homens abalizados em todo o genero scientifico, que deram honroso nome á sua Patria assim dentro, como fóra della.

Não tardou porêm muito, que elRei D. Diniz não entendesse, que a cidade de Lisboa era logar improprio para assento da Universidade Portugueza; por quanto, como adverte O erudito Francisco Leitão Ferrei

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ra (a), era Côrte, aonde os divertimentos, com as familiaridades trazem comsigo nocivas distracções. Por isso, visto haver sido o seu intuito na fundação da Universidade Portugueza crear no seu Reino uma juventude, que em Letras rivalizasse com a mais sabedôra e polida da Europa; mal haviam decorrido dezoito annos depois do estabelecimento da Academia, a fêz transferir para Coimbra, cidade que por sua situação central, como col+ locada no coração do Reino, pelo delicioso do paiz, pela amenidade do clima e pela abundancia de tudo o preciso para a vida, parecia a mais apropriada para assento da Athe nas Lusitana.

Trinta annos apenas haviam decorrido, depois que as claras aguas do Mondego ti nham começado a ser brandamente agitadas pelos harmoniosos sons das cytharas Portuguezas, quando, governando já elRei D. Afonso IV, o assento da nova Universidade foi outra vez transferido de Coimbra para Lisboa; não se esquecendo o Senhor D. Afonso, que determinava collocar a sua Côrte n'aquella cidade, de uma tão sabia providencia; a fim de que os estudantes, com o tráfego e negocios dos cortezãos, se não divertissem de seus estudos.

Por motivos, que não achâmos postos em lembrança, e por determinação do mesmo

(a) Noticias Chronolog. da Universid. de Coimbra, anno 1309, numer. 250.

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