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os assumptos que n'estas gravuras se representam, e nos quaes tanto a escolha como a execução são dignos de todo o elogio; é pois com sentimento, que deixamos o seu exame para chegarmos mais depressa ao artigo, que revela principalmente o merecimento litterario do sñr. Morgado de Matheus, e que é talvez o mais proprio a grangear-lhe o reconhecimento da Academia e do publico illustrado. »

Esta edição foi feita sôbre a primeira de 1572. A commissão clogia a biographia do poeta composta pelo editor, a qual se-torna recommendavel pela sensibilidade com que é escripta e a judiciosa apreciação que fez da epopéa, e é de parecer que elle deveria ter seguido a segunda edição de 1572, que é tida por mais correcta, e conservar a antiga orthographia.

Em casa dos -sñrs. condes de Villa Real existe um unico e muito rico exemplar d'esta edição, impresso em pergaminho, em dous volumes, emquadernados em marroquim roxo com as armas do conde de Villa Real d. José, no centro da capa, por quem foi mandada fazer a enquadernação em Inglaterra.

Este exemplar foi vinculado em morgado, como consta d'esta verba do testamento olographo do Morgado de Matheus, feito em Paris aos 24 de Septembro de 1820: « Vinculo em morgado o exemplar da minha Edição dos Lusiadas, em pelle vellina, e as chapas em cobre das gravuras della para que andem sempre juntas ao Morgado de Matheus, sem que o futuro possuidor ou administra, dor possa largalos da sua mão, dar ou vender, porque fazendo-o, a Bibliotheca Publica de Lisboa os poderá reclamar e revendicar como propriedade sua, pois n'esse caso lhos lego ordenando, quanto ás chapas, que antes de um seculo não possam tirar-se mais es tampas, nem fazer-se uma reimpressão. »>

O editor mandou tirar sómente duzentos e dez exemplares, e não quiz que os expusessem á venda. Consta que distribuiu em sua vida cento e oitenta e dous; e dos vinte e oito que sobraram foram alguns dados per seu filho, o primeiro conde de Villa Real, e existem ainda os restantes em poder de seus herdeiros.

O sir. visconde, á pag. 378 e 379 do primeiro volume, traz duas notas curiosas e minuciosas da despeza que fez com a edição de Camões d. José Maria de Souza, e das pessoas a quem deu exemplares.

A respeito d'esta e de outras particularidades é mui curiosa e digna de leitura a correspondencia trocada entre M.me de Souzaesposa do illustrado e patriotico editor, e a condessa d'Albany,

viuva de Carlos Eduardo Stuart, conhecido na historia pela designação de Pretendente.

O săr. José Silvestre Ribeiro, no vol. 2.° pags. 332 a 334, de sua obra « Historia dos estabelecimentos scientificos, litterarios e artisticos de Portugal » transcreve trez interessantes chartas de M.me de Souza. Nellas revella a auctora, a par de muito interesse e dedicação por seu marido, uma elevação de espirito e de sentimentos só comparaveis á delicadeza da forma com que são manifestados.

Ao concluir a terceira charta, diz: « Enfim, cheguei muitas vezes a receiar que a saude de meu marido corresse perigo.

Não queremos gabar-nos do que se despendeu; seria este capitulo uma loucura séria, aos olhos dos homens frios, incapazes de sentir o extremo goso de uma alma nobre e generosa, ao alevantar um monumento ao cantor sublime das glorias da sua patria... No que me diz respeito, nenhum merecimento me cabe, senão o de haver promettido a meu marido diminuir, quanto possivel fosse, todas as despezas da caza, afim de que seu filho não ache de menos-aquella somma, e fosse resgatada pelas nossas economias, se vivessemos ainda alguns annos. »

O bellissimo exemplar, que descrevemos, tem no verso da primeira folha, do proprio punho do Morgado de Matheus, a seguinte dedicatoria: To His Exc. Sir Henry Wellesley, Ambassador of His Britannic Majesty at the Court of Madrid.

D. Joseph Maria de Souza.

(Ex libr. J. E. G. Rebello da Fontoura.)

Alem d'este, possue ésta bibliotheca um exemplar, que foi da bibliotheca particular do rei de Portugal, com o defeito de não trazer os dous retratos de Camões, e outro com o mesmo defeito, que de longa data faz parte de nossas collecções; são ambos um pouco menores do que o primeiro, porque lhes-apararam as margens.

36) Os Lusiadas, poema do grande Luis de Camões, segundo o legitimo texto.

Avinhão, na Officina de Francisco Seguin, 1818, 2 vols. in-12.°

O editor nos diz, no Aviso que se-segue á folha de rosto, d'onde tirou a sua edição:

« O Discurso preliminar e a Vida de Luis de Camões, são extrahidos das Edições das Obras deste insigne Poeta, recentemente publicadas pelo senhor Thomaz Joseph de Aquino.

As estancias que servem de declarar o argumento de cada hum dos dez Cantos do Poema, são de João Franco Barreto, philologo

notavel do XVII seculo, author tambem do Index dos nomes proprios, ajuntado no fim da Obra... Emquanto ao Texto do Poema, temos seguido a famosa Edição de Manoel de Faria e Sousa. »

Depois do Aviso comprehende o primeiro volume: Discurso preliminar, apologetico e critico.— Soneto de Torquato Tasso.- Breve analyse do Poema de Camões.— Breve noticia da vida de Luis de Camões. Lusiada.

O primeiro volume, com LI-202 pp., termina no canto V. O segundo volume contem: Os outros cinco cantos dos Lusiadas.— O Index de todos os nomes proprios. Tem 270 paginas. (Ex libr. J. E. G. Rebello da Fontoura.)

37) Os Lusiadas, poema epico de Luis de Camões. Nova edição correcta, e dada á luz, conforme á de 1817, in-4.° por Dom Jozé Maria de Souza-Botelho, Morgado de Matteus, Socio da Academia Real das Sciencias de Lisboa.

Paris, na Officina Typographica de Firmino Didot, Impressor do Rei, e do Instituto. M.DCCC.XIX. In-8.o

Formosa edição saïda dos prelos de Didot.

No Aviso ao leitor diz: « A edição in-4.° dos Lusiadas dada á luz pelo Senhor D. José Maria de Souza, ornada com estampas, e por mim impressa o anno passado, não tendo o destino de venda. publica, e podendo unicamente obter-se do primor e generosidade do seu illustre editor; julguei fazer hum serviço agradavel á Nação Portugueza, e á sua litteratura, se, alcançando licença do dito senhor, reimprimisse in-8.°, e copiasse fielmente o texto do Poema, com a advertencia, a vida do Poeta, as notas, e os mais trabalhos litterarios que o senhor Souza tem feito a esta epopéa. O nobre e sabio editor não sómente nos concedeo a faculdade por mim pedida; mas quiz tambem que ao sou precedente trabalho juntasse eu, n'esta edição, o que novamente fez este anno, depois de conferidas por elle as duas primeiras, e originaes edições de 1572, cujas variantes ficam sendo mais distinctamente conhecidas; bem como a certeza de primazia, entre huma e outra, pode ser agora mais exactamente determinada; reduzindo outro-sim, com a maior evidencia, a superioridade de ambas sobre todas as que depois d'ellas se tem, em diversas epocas, publicado até os nossos dias. »

Mais adiante diz, que o morgado de Mattheus quiz ajudal-o a rever e corrigir as provas typographicas d'este livro, em que puzeram ambos o maior cuidado.

O volume, depois do retrato de Camões (cópia do de 1817), da folha de rosto, e do Aviso, comprehende: Dedicatoria a El-Rei. Advertencia, em que censura severamente quasi todos os editores dos Lusiadas de haverem alterado sem necessidade o texto original de 1572.— Vida de Luiz de Camões.— Os Lusíadas.— Notas du Advertencia.-Nota da Vida de Camões. Termina com um N. B. relativo ao annuncio de um manuscripto do poema de Camões. O exemplar contem CX-420 paginas.

(Ex libr. J. E. G. Rebello da Fontoura.)

38) Os Lusiadas, poema epico de Luis de Camões. Nova edição conforme á de 1572 publicada pelo Autor.

Paris, vende-se em casa de Theophilo Barrois filho, quai Voltaire, n. 11. 1820. 2 tomos em 1 vol. in-12.°

No centro da pagina do rosto uma lyra. No verso da folha que a-precede ésta indicação da typographia: Na typographia de J. Smith.

Este exemplar comprehende: o retrato de Camões, gravado por Michon, antes da folha de rosto. Depois désta folha:- Breve noticia da vida de Luis de Camões. — Argumentos dos dez cantos do poema. Os Lusiadas. Termina o tomo I. com o canto VI. Tomo II. Os quatro ultimos cantos dos Lusiadas.-O Index dos nomes proprios.

Contem o primeiro tomo XIV-225 paginas. O segundo 235 Para ésta edição serviu evidentemente de texto a célebre edição de 1817 do Morgado de Matheus, ou a sua reimpressão feita em Paris, por Firmin Didot, 1819.

Basta confrontal-as para formar-se ésta convicção. O retrato do poeta, que traz ésta edição, é copia do d'aquellas. Os versos alterados, com bons fundamentos, pelo morgado, no texto da edição original de 1572, são fielmente reproduzidos nesta. Assim:

Edição de 1572. cant. II, est. 13:

Na moça de Titão a roxa fronte.

Edição de 1817:

Da moça de Titão a roxa fronte.

Edição de 1820, pag. 41:

Da moça de Titão a roxa fronte.

Ed. de 1572, cant. II, est. 20, 3.o verso:
Cloto.

Ed. de 1817:

Doto.

Ed. de 1820, pag. 43:
Doto.

Ed. de 1572, cant. II, est. 41:
Lhe impedira a falla piedosa:
Ed. de 1817:

Se lhe impedira a falla piedosa.
Ed. de 1820, pag. 50:

Se lhe impedira a falla piedosa.

Ed. de 1572, cant. III, est. 34:
Em trabalho cruel o peito humano:
Ed. de 1817:

Em batalha cruel o peito humano:
Ed. de 1820, pag. 86:

Em batalha cruel o peito humano.

Ed. de 1572, cant. III, est. 133:

O nome do seu Pedro que ouvistes:
Ed. de 1817:

O nome do seu Pedro que lhe ouvistes:
Ed. de 1820, pag. 119:

O nome do seu Pedro que lhe ouvistes.

Ed. de 1572. cant. III, est. 93:

... Mais que tudo excellente:

Ed. de 1817:

... Mais que todos excellente:

Ed. de 1820, pag. 106:

... Mais que todos excellente.

Ed. de 1572, cant. IV, est. 52:

A vida de Senhor a feita escrava:
Ed. de 1817:

A vida de Senhora feita escrava:

Ed. de 1820, pag. 140:

A vida de Senhora feita escrava.

Ed. de 1572, cant. VI, est. 41:

Não fosse amores, nem delicadeza:
Ed. de 1817:

Não soffre amores, nem delicadeza:

Ed. de 1820, pag. 205:

Não soffre amores, nem delicadeza.

Ed. de 1572, cant. VIII, est. 32:
Portugues Capitam chamar se deve:
Ed. de 1817:

Portugues Scipião chamar se deve:

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