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PRIMEIRO ENSAIO
SOBRE HISTORIA LITTERARIA

DE PORTUGAL,

DESDE A SUA MAIS REMOTA ORIGEM ATÉ o
PRESENTE TEMPO,

seguido de differentes opusculos,
QUE SERVEM PARA SUA MAIOR ILLUSTRAÇÃO,

E OFFERECIDO

AOS AMADORES DA LITTERATURA PORTUGUEZA
EM TODAS AS NAÇÕES,

POR

FRANCISCO FREIRE DE CARVALHO,
Cónego da Sé Patriarchal Metropolitana de Lisboa,
Professor de Oratoria, Poetica e Litteratura Classica
particularmente a Portugueza no Lyceo Nacional
Socio da Academia Real das Sciencias, do Conserva-
torio Real, e Membro da Sociedade de Instrucção
Primaria da mesma Cidade, do Instituto Dramatico
de Coimbra Socio Correspondente do Instituto
Historico e Geographico do Brasil, da Sociedade
Auxiliadora da Industria Nacional, Socio Honorario-
Correspondente do Gabinete Portuguêz de Leitura
e Membro da Sociedade de Instrucção Elementar, as
tres ultimas do Rio de Janeiro, &c.

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Ubicumque ingenio non erit locus, curæ testimonium promeruisse contentus.

M. F. QUINTIL. Instit. Orator. Lib. III.

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Será a mayor gloria do meu amor á Patria, como che a mayor fineza, servir aos futuros, pagar aos passados, e não dever nada aos presentes.

PADRE ANTONIO VIEIRA, Carta escripta da Bahia em 14 de Julho de 1690 ao Cardeal de Lancas tre, Arcebispo, Inquizidor geral. (Tom. II, das Cartas e Carta 119.)

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PREFAÇÃO.

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A obra, que vai agora ser publicada pela imprensa, foi começada a escrever a instancias de um amigo do Autor nos principios do anno de 1814. Concebida debaixo de um plano menos vasto, do que depois foi apparecendo, a grande extensão do assumpto, quasi a perder de vista, fèz correr insensivelmente a penna muito alem do que havia sido previsto pelo mesmo Autor. Fora o seu projecto primitivo escrever apenas ligeiros traços sobre algum dos mais abundantes e luminosos perio dos da Historia Litteraria de Portugal; nem podia ser seu intento, na entrada deste traba lho, o abalançar-se a escrever a Historia Litteraria, posto que resumida fosse, de uma Nação tão fecunda em claros ingenhos, e em scientificas composições: pois não é elle tão desassizado, que deixasse de conhecer, que uma empreza de tal pulso não era para se começar de improviso, e sem muito antecipada preparação de aturados estudos, ordenados com grande madureza e reflexão para o projectado fim. No em tanto o resultado do trabalho de alguns mezes foi uma série de Memorias, escriptas com maior, ou menor extensão, as quaes abrangiam a todo o longo espaço da Historia Litteraria de Portugal.

Visto que as cousas haviam chegado a este ponto, facil foi de lembrar, que, dispostas todas aquellas Memorias por ordem chronologica, a sua reunião sistematica podia formar um Primeiro Ensaio sôbre a Historia Litteraria da Nação Portugueza nos seus differentes periodos.

Deram maior impulso e calor a esta idêa as repetidas instancias, feitas para isso ao Autor por uma alta Personagem não menos illustre por suas virtudes, saber e amor ás Letras, do que por seus eminentes Cargos na Republica Portugueza: foi ella o Ex.mo e R.mo D. Francisco de Lemos de Faria Pereira Coutinho, Bispo de Coimbra, Conde de Arganil, Reformador Reitor da Universidade, a cujas mãos hiam casualmente chegando estas Memorias, apenas erão communicadas a um amigo (1) do Autor, que o era tambem do Ex. mo Prelado. Foi pois a instancias desta Personagem illustre que o mesmo Autor se deliberou a ordenar este Ensaio pela fórma, com que agora é apresentado ao publico, exceptuadas aquellas alterações e melhoramentos, que era força nelle se fizessem depois de volvidos vinte annos (até o de 1834) de aturados estudos e de séria applicação na cultura das Letras, durante o qual espaço de tempo jazĉo escondido ás vistas do publico, sem embargo das tambem reiteradas e vivas instan

(1) O Dezembargador José Bonifacio d'Andrada e Silva, depois Primeiro Ministro no Brasil,

cias, que aquelle Ex.mo Prelado fizera ao Autor, para que o mettesse na imprensa, apenas poucos annos decorridos depois de o haver escripto.

No anno de 1834, ou 35 foi esta composição litteraria apresentada pela primeira vèz a uma associação de pessoas intelligentes, e bem capazes de sôbre ella formarem um juizo prudente, que determinasse o seu Autor ou a dar-lhe publicidade, ou a supprimil-a para sempre das vistas do publico: mas não tardou muito tempo, sem que ella fosse reclamada por quem lhe havia dado o ser, ainda antes de ouvir o parecer dos entendidos, e encerrada de novo no claustro do silencio. Verdade é, que tempo de sobejo havia já passado, para este Escripto poder ter conseguido a devida correcção, que o fizesse digno de apparecer desafrontadamente por esse mundo; porêm revezes da fortuna, que no calamitoso decennio desde 1824 até 1834 pezáram sobre o seu Autor, não lhe permittiram occupar-se com o preciso descanço dessa difficil tarefa.

Depois de mais dez annos volvidos, nos quaes obrigações importantes do serviço Nacional tem absorvido todos os momentos de ocio do Autor, acaba elle de resolver-se a não demorar por mais tempo na obscuridade este primeiro fructo de suas litterarias fadigas e posto que bem certo esteja, de que de muito maiores retoques de lima carecia elle ainda; com tudo nem a sua idade decadente, nem as suas occupações publicas lhe permittem de

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