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de 16 de Janeiro de 1823 fez-se extensivo ás viuvas e orphãos dos officiaes e inferiores da Armada que morressem em defesa da Independencia o meio soldo e aos das praças o soldo por inteiro; por outro da mesma data deu lentes para a Academia de Marinha, em substituição aos que haviam abandonado os seus logares; pela decisão de 23 do mesmo mez mandou-se pagar aos 1o marinheiros 8$ mensaes, aos 2°* 6$500, aos grumetes de 1a classe 4$800 e aos de 2a classe 38, sendo voluntarios.

O decreto de 31 de Janeiro concedeu uma medalha ao Exercito e Armada.

O decreto de 7 de Fevereiro concedeu aos fieis de commissarios 88 mensaes; o de 13 mandou affixar editaes em logares publicos e por meio de bando, communicando que so concedia 8$ aos marinheiros e 4$ aos grumetes que, voluntariamente, sentassem praça a bordo da nau Pedro I.

O decreto de 25 do mesmo mez mandou admittir como marinheiros e grumetes os escravos offerecidos pelos seus senhores, abonando a estes as competentes gratificações; pelo de 27 ordenou-se que nos castigos de chibata estivesse presente o cirurgião-mór do corpo.

O decreto de 12 de Março mandou publicar por meio de bando os vencimentos dos marinheiros e grumetes voluntarios: 1a classe 108, 2a 88; grumetes de 1a 48800 e de 2a 38000. O decreto de 17 de Março de 1823 approvou a seguinte tabella de vencimentos dos officiaes inferiores da Armada:

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O decreto de 21 de Março commutou as penas dos presos da nau presiganga, para serem empregados como soldados e marinheiros.

Como os capitalistas e commerciantes da Bahia continuassem a fornecer fundos para a manutenção das forças do

General Madeira, mandou o Imperador que todos os generos e
mercadorias extrangeiras despachadas na Alfandega da Bahia
e reembarcadas para outros pontos do Brasil tornassem a pagar
novos direitos; que a divida contrahida pelo General Madeira
não fosse paga pelas rendas publicas da provincia e que os
capitalistas reincidentes fossem considerados rebeldes e pu-
nidos de accordo com a lei.

O governo resolveu conceder a todos os nacionaes e ex-
trangeiros por alvará de 30 de Dezembro a faculdade de ar-
marem corsarios contra o pavilhão lusitano e suas propriedades
publicas e particulares. Em Janeiro de 1823 no porto da Vi-
etoria sequestrou-se a escuna Maria e em Fevereiro a sumaca
Julia, pertencentes a portuguezes.

CAPITULO VII

O BLOQUEIO DA BAHIA PARTIDA DA ESQUADRA NACIONAL -A ES-
QUADRA INIMIGA O COMBATE DE 4 DE MAIO- SEU RESUL-
TADO- PREPARATIVOS DO ALMIRANTE COCHRANE - PEQUENO
COMBATE EM CARAVELLAS - COMBATE DA OLARIA

A 8 de Janeiro de 1823 o Imperador lançou uma vibrante
proclamação a todos os brasileiros espalhados pelo mundo,
concitando-os a recolherem-se ao Imperio e congregarem-se
em torno ao seu augusto throno para a defesa da Patria. Ao
mesmo tempo davam-se os ultimos e indispensaveis retoques
aos navios, que deviam compor a esquadra de operações.

A 29 de Março D. Pedro fez publicar o decreto em que
declarava em estado de rigoroso bloqueio o porto da Bahia.
No dia seguinte recebia o Almirante Lord Cochrane ordem para
que no dia 31 se fizesse de vela com os navios que desejasse;
puzesse o porto da Bahia em rigoroso bloqueio, destruindo ou
tomando todas as forças portuguezas que encontrasse e fazendo
todos os damnos possiveis aos inimigos do Imperio.

A 3 de Abril suspendeu a esquadra nacional, debaixo de
estrepitosas manifestações da alma popular. Compunha-se ella
dos navios: nau Pedro I (capitanea), de 74 canhões, com-
mandada pelo Capitão de Mar e Guerra Thomaz Sackville
Crosbie; arvorava o pavilhão do 1° Almirante Lord Thomaz
Alexandre Cochrane: fragata Ypiranga, de 52 canhões, com-
mandada pelo Capitão de Mar e Guerra David Jewet; corveta
Maria da Gloria, de 32 canhões, do commando do Capitão-
Tenente Theodoro Alexandre de Beaurepaire; corveta Liberal.
de 20 canhões, commandada pelo Capitão-Tenente Antonio Sa-
lema Freire Garção; brigue Guarany, de 16 canhões, comman-
dado pelo Capitão-Tenente Antonio Joaquim do Couto; brigue-
escuna Real-Pedro, de 10 canhões, commandado pelo 1° Te-
nente Justino Xavier de Castro.

Chegou a nossa esquadra ás costas da Bahia no fim de
22 dias de viagem, encontrando naquellas paragens rigorosa
invernia. Essa demora foi devido á Ypiranga e á Liberal,

navios ronceiros, o velame da nau se encontrar em mau estado e a sua guarnição ser ainda muito bisonha.

Por esse motivo e mesmo para esperar outros navios e noticias, deliberou o Almirante bordejar. A 29 de Abril veiu juntar-se à esquadra a fragata Nictherby, de 42 canhões, commandada pelo Capitão de Fragata João Taylor, que se demorara no Rio para completar a guarnição.

Desejando nessa occasião conhecer o Almirante as condições em que se encontravam as munições de guerra da esquadra, notou que o cartuchame era de má qualidade e, para evitar inconvenientes e decepções futuras, ordenou aos commandantes que fizessem preparar mil tiros, pelo menos.

Logo que a nossa esquadra foi assignalada, o General Pedro Labatut entrou em communicações com ella, informando o Almirante do numero dos navios inimigos e de seu valor militar. A Junta da defesa deu ordem tambem ao Administrador dos córtes de madeira, Pedro Gomes, para que fizesse preparar sobresalentes e viveres para a esquadra. Desde o dia 26 que o General Madeira, tendo noticias da approximação das nossas forças navaes, ordenára a saida da esquadra portugueza. Nesta havia já sérias dissenções entre a officialidade e a indisciplina lavrava nas guarnições.

A 28 suspendeu ella, mas não poude sair em vista de ter a capitanea encalhado (mau augurio !); só a 30 é que poude safar. Compunha-se a esquadra inimiga dos seguintes vasos: nau D. João VI (capitanea), de 88 canhões e 750 homens de guarnição, onde arvorava o seu pavilhão o Chefe de Divisão João Felix Pereira de Campos; fragatas Constituição, de 56 canhões e 350 praças, e Perola, de 44 canhões; corvetas 10 de Fevereiro, de 26 canhões e 180 praças, commandada pelo Capitão de Fragata Joaquim M. Bruno de Moraes; Restauração, de 24 peças e 160 homens, commandada pelo 1° Tenente honorario Ignacio José Nunes; Regeneração, de 22 canhões e 160 homens, commandada pelo Capitão-Tenente João Ignacio Silveira da Motta; charruas Activa, de 23 canhões e 160 praças; Princeza-Real, de 22 peças e 160 praças, commandada pelo Capitão-Tenente Francisco Borja Pereira e Sá; e Calypso, de 22 canhões e 180 praças; lugre S. Gualter, de 26 peças e 180 homens, commandado pelo Piloto Manuel de Jesus dos Santos; brigue Audaz, de 18 peças e 150 praças, commandado pelo Capitão-Tenente João da Costa Carvalho; escuna Principe do Brasil, de 22 canhões; e sumaca Conceição Oliveira, de seis canhões e 50 praças, commandada pelo 2o Tenente honorario Francisco José Vieira.

No dia 4 de Maio navegava a esquadra nacional com mar chão, vento moderado de léste e ao rumo de W. 4. SW. O céo era limpo e comprido. Distava ella, approximadamente, umas oito leguas da ponta de Santo Antonio, quando os gageiros deram vista de navios suspeitos ao sudoéste; era a esquadra adversa que bordejava. A's seis horas da manhã, tendo a capitanea inimiga reconhecido a nossa esquadra, fez o signal

Virar por d'avante por contramarcha, pois se encontrava ella formada na quinta ordem, devendo principiar a manobra o navio testa da columna de sotavento; ás seis horas e cinco minutos « Apparecem navios de mais », e em seguida « Rumo lésnordeste cinco navios »; e ás seis horas e 25 minutos - « Virar por d'avante ». Desse modo ficou a esquadra lusitana com amuras a boréste, a mesma da nossa esquadra, que se avizinhava. A's seis horas e 32 minutos a capitanea portugueza repetiu o signal para a sumaca Conceição, seguido do de« Força de vela » para a corveta Calypso. A's seis horas e 45 minutos, tendo a esquadra executado a evolução, subiu novo signal. << Diminuir distancias », ás sete horas para o brigue Audaz — «Que se retirem os caçadores». Nesse tempo já as duas esquadras se distinguiam perfeitamente. Notava-se a galhardia dos madeiros do Brasil, avançando com vento largo em direcção á esquadra inimiga, na seguinte disposição: Pedro I, Ypiranga, Nictheroy, Maria da Gloria, Liberal. RealPedro e, por boréste da linha, o Guarany, como repetidor de signaes. A's sete horas e cinco minutos a nau D. João VI fez o signal — « Os navios avistados são de suspeitas »; ás sete horas e 30 minutos — « Pôr á capa com amuras a estibordo ». A's oito horas fez o signal — « União» para a sumaca Conceição e o brigue Audaz.

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A esta hora estavam os navios portuguezes formados em duas columnas, com amuras a boréste, e os lenhos brasileiros pelo seu travéz a barlavento. Nessa occasião os gageiros inimigos deram parte de uma embarcação a barlavento: era o brigue Guarany. Immediatamente tocaram a postos e puzeram-se em ordem de combate, navegando em gaveas e joanetes e gata atravessada, com prôa de norte a noroeste. O vento começou a rondar para lés-nordeste. Observando o Almirante brasileiro uma aberta na linha contraria, que lhe permittia cortar facilmente as quatro embarcações da cauda da columna, fez o seu primeiro e solenne signal — « Preparar para o combate ».

Pouco depois, eram nove horas e 30 minutos, a bandeira e insignias nacionaes tremularam galhardamente nos tópes dos nossos navios, transmittindo aos bravos marujos do Imperio um enthusiastico arrepio. Logo que a Nictheroy reconheceu o signal do Almirante, o seu denodado commandante mandou formar a guarnição e concitou-a, com palavras exaltadas de sublime patriotismo, ao bom cumprimento do dever e o lenho brasileiro, como uma caixa sonora, reboou festivo ás acelamações ao Brasil e ao Imperador.

A's nove horas e 34 minutos os nossos ainda se achavam um pouco a ré e pelo travéz de barlavento do inimigo; ás 10 horas metteram mais de ló para realizar o ataque ás linhas contrarias. Nesse interim a sumaca inimiga passou á falla da fragata Perola, que fazia a vanguarda da linha de sotavento, e transmittiu-lhe a ordem do seu chefe para avançar com a sua columna para vante da pròa na nau afim de, logo que fôsse engajado o combate, virar por d'avante e metter os nossos

entre dous fogos. Esta ordem foi communicada aos demais navios da linha.

A's 10 horas e meia a capitanea inimiga fez o signal<< Força de vela» para a fragata Constituição. Nessa occasião a fragata nacional Ypiranga, cheia de ardor por bater-se, abriu precipitadamente o fogo contra a linha adversa. Um quarto de hora após a nau D. João VI arriou os escaleres, que ficaram amarrados pelo portaló de sotavento, e ás 10 horas e 50 minutos fez o signal << Diminuir distancias» para os navios Princeza-Real e Principe, cujo signal repetiu em seguida para toda a esquadra, seguido do de« A um terço de amarra». Nesse tempo a linha inimiga de sotavento havia avançado e se achava prompta a executar a ordem recebida. O signal acima fora repetido pela fragata Perola, testa da columna de sotavento, que formava então a testa de toda esquadra portugueza; por isso todos os navios dessa columna fizeram força de vela. A's 11 horas e 10 minutos desfraldou-se o signal ---- « Marear na mesma amura com que se está atravessado », para a fragata Constituição, Vinham os nossos avançando na diagonal da linha contraria e na distancia de tres milhas. A's 11 horas e 40 minutos o signal — « União », que foi repetido pela fragata Perola, a qual, fallando-lhe a sumaca Conceição, pôz o panno sobre, caiu á ré e, parecendo communicar-se com a nau, passou-lhe pela pôpa, mas vindo procurar o seu logar na linha ficou sotaventeada. Ao meio dia a esquadra nacional distava da contraria duas e meia milhas, vindo a Ypiranga, Nictheroy e Maria da Gloria nas aguas da capitanea, emquanto os demais vasos, menos veleiros, ficavam distanciados. A Pedro I diminuiu o panno e o inimigo içou a sua bandeira e insignias. Meia hora em pós a almiranta nacional desfraldou o seu segundo signal« Atacar o centro e a retaguarda ».

A esquadra inimiga fugia diante da nossa... A's quatro horas da tarde, estando já os nossos navios a pequena distancia, a nau inimiga fez o signal para a fragata Constituição « Marear á bolina com amuras a estibordo », e meia hora depois — « Força de vela», para a corveta Regeneração.

Achando-se a Pedro I a menos de meio alcance do navio Principe e pelo seu travéz, deitou em cheio a passar por entre elle e a charrua Princeza-Real. Foi, então, que este navio descarregou toda a bateria contra o lenho brasileiro, que respondeu fazendo fogo por ambos os bordos contra os inimigos proximos.

Era intuito do nosso Almirante cortar parte da esquadra inimiga para batel-a em detalhe, sem dar tempo aos navios da vanguarda de virem em soccorro. Tinha elle todas as probabilidades de completo exito. Sabia que a officialidade inimiga não estava em harmonia, que o espirito de indisciplina reinava entre as guarnições; observara a formatura do inimigo, as suas evoluções demoradas e a profusão de signaes para tel-a em ordem. Tinha, pois, certa a victoria; atirou-se, então a colher-lhe a palma. Começára o combate... A artilharia e a infantaria abrem fogo quasi á queima-roupa. Em ambos os campos se batem com valor e encarniçamento e se manobra a

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